Na última sexta-feira (20) foi celebrado o Dia Mundial de Combate ao Bullying. Infelizmente, a data começou com uma notícia triste, especialmente para as escolas: um aluno de um colégio particular de Goiânia atirou contra colegas de sala. Segundo o Corpo de Bombeiros, dois adolescentes morreram e outros quatro ficaram feridos. A motivação para a violência, de acordo com o jornal O Popular, teria sido o bullying que o atirador sofreu no ambiente escolar (leia mais aqui).
A prática sempre existiu, mas se agravou nos últimos anos com o uso da internet – que, apesar dos inúmeros benefícios, também possibilita que alunos agressores tenham mais espaço para agir de forma violenta, inclusive fora da escola, com seus alvos. Diante de um cenário tão preocupante, é necessário repensar as práticas educacionais, a fim de prevenir efetivamente o bullying e combatê-lo quando necessário, tendo em mente o bem-estar das crianças e dos adolescentes.
Pesquisa realizada pelas Nações Unidas no ano passado com 100 mil crianças e jovens de 18 países mostrou que, em média, metade deles sofreu algum tipo de bullying por razões como aparência física, gênero, orientação sexual, etnia ou país de origem. No Brasil, esse percentual é de 43%.
Confira, abaixo, uma lista preparada pelo Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (SINEPE/DF) com dicas para estimular um ambiente seguro na sua escola:
1 – Faça campanhas permanentes contra o bullying
É necessário que tanto os alunos quanto as famílias entendam o que é o bullying: qualquer agressão física, moral, verbal, psicológica, ideológica ou emocional feita de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. As campanhas devem chegar ao conhecimento de todos os envolvidos no ambiente escolar de forma permanente – afinal, o ambiente é dinâmico e a cada ano o estabelecimento recebe novos alunos, funcionários, etc. Porém, o ideal é que essa campanha se renove a cada semestre, com uma nova “cara”, para chamar a atenção do público sempre.
2 – Prepare os funcionários e professores para identificar situações de violência
Quem trabalha diretamente com os estudantes tem mais oportunidades de observá-los, avaliando seu comportamento e relações interpessoais. Prepare sua equipe para ficar atenta aos sinais de bullying – tanto de alvos quanto de agressores – e comunicar a coordenação quando houver necessidade. Alunos que passam muito tempo isolados, perdem repentinamente o interesse, apresentam depressão, escrevem sobre sentimentos de desespero em redações, têm obsessão por jogos violentos ou dificuldade em controlar a raiva, por exemplo, merecem atenção. Um treinamento oferecido pela escola pode ser fundamental para a prevenção da violência. Reuniões periódicas com os profissionais para discutir possíveis casos, também. Todos podem contribuir com ideias e soluções específicas para a realidade daquele ambiente. Exemplo: se for percebido que uma área da escola não tem vigilância (o que pode favorecer situações de violência), pode ser indicado instalar câmeras ou direcionar um funcionário para a região.
3 – Promova debates, discussões e atividades para conscientizar
Crianças e adolescentes têm necessidade de se expressar. Apenas ouvir os adultos e receber materiais (como cartilhas) pode não ser suficiente para passar a mensagem. Debates e discussões sobre bullying permitem que eles digam o que pensam e troquem experiências. Atividades práticas e dinâmicas também podem fazer com que os jovens compreendam de forma mais assertiva o que é comportamento violento e o que é empatia. As famílias dos alunos também devem ser incluídas no processo, já que hábitos relacionados à prática do bullying também podem ser adquiridos em casa.
4 – Seja visível, acessível e interaja com os alunos
Ter sempre um adulto nos corredores e espaços da escola ajuda a mostrar aos estudantes que eles não estão sozinhos. Interagir com eles e se mostrar acessível também os estimula a procurar você, seja quando necessitam ou quando querem denunciar o comportamento abusivo de um colega. Vale, ainda, monitorar os computadores da escola, para prevenir os cada vez mais comuns casos de cyberbullying.
5 – Dê o exemplo: elogie e mostre comportamentos positivos
Quando os membros da escola utilizam constantemente palavras de apoio e elogios cabíveis, as crianças e adolescentes tendem a se sentir mais valorizados e a perceberem que a violência não é comum naquele espaço. Cuidado, apenas, para não demonstrar favoritismos. É importante ressaltar positivamente as diferenças.
6 – Estimule os alunos a praticar atividades extras
Muitos alunos acabam passando praticamente o dia todo na escola. Manter esses estudantes ocupados com atividades saudáveis, como práticas esportivas, jogos ou plantão para tirar dúvidas, pode ajudar na redução da violência.
7 – Aja com rapidez
Quando o processo de prevenção falhar e você presenciar um caso de violência, intervenha imediatamente – se necessário, chame outros profissionais para ajudar, por exemplo, a separar um agressor que esteja batendo em um colega. Em qualquer caso de violência (física ou não), a escola também precisa tomar as medidas cabíveis para responsabilizar quem pratica o bullying – o que vai variar segundo a política de cada instituição. O importante é mostrar que há consequências para esse tipo de ato. Ações para reparar os danos causados podem ser um bom caminho.
8 – Ofereça apoio efetivo para as vítimas
Mais importante ainda é dar segurança – física e emocional – para quem sofre agressões. Ter um psicólogo e/ou orientador à disposição para atender e conversar com os alunos (e, se necessário, familiares) é essencial. Vale ressaltar que as crianças e adolescentes só vão procurar ajuda com esses profissionais se perceberem que o ambiente é receptivo e que suas queixas serão levadas a sério. A escola deve se preocupar em passar essa imagem – e, de fato, concretizar a expectativa desses estudantes, escutando e buscando resolver as questões.
9 – Quando necessário, denuncie
Se perceber que a situação está além do controle da escola, busque ajuda com as autoridades responsáveis. O Disque 100, por exemplo, recebe denúncias, mesmo anônimas, e pode acionar o Ministério Público para intervir.