Pesquisar notícias

Para pesquisar coloque o nome no campo acima e clique em pesquisar.


Categorias


Arquivo de notícias


Copa acaba. Educação segue.

Publicado em 21/12/2014 às 14:44:00

Algumas coisas acabam; Copa, por exemplo. Outras são permanentes e ao longo da vida, como Educação. Talvez a maior e melhor novidade educacional contemporânea seja sua transcendência, no tempo e no espaço, exigindo repensar profundamente as formas com que ensinamos e as maneiras pelas quais aprendemos. Atualmente, mais de 40% de nossos estudantes univer- sitários têm mais de 25 anos, sendo que a maioria deles tem emprego, estuda à noite, é casada e oriunda de famí- lias de classe média, predominantemente baixa.

Perfil bem distinto do caso clássico de antigamente, ou seja, jovem, solteiro, sem trabalhar enquanto estuda, re- cém-egresso do Ensino Médio, oriundo das classes média e média alta e estudando durante o dia. Boa parcela das práticas e dos métodos de ensino-aprendizagem ainda supõe que nos dirigimos quase exclusivamente ao perfil antigo, e parte significativa dos docentes não per- cebeu ainda que seu público mudou e mudará mais ainda no futuro próximo.

O perfil adulto desse novo público, com suas carac- terísticas específicas, demanda naturalmente novas metodologias, abordagens didáticas diferenciadas, que levem em conta processos de ensino-aprendi- zagem próprios da andragogia – que reconhece o andros (homem, em geral, no caso significando adul- to)–, em contraposição aos métodos pedagógicos dirigidos a paidós (criança, em grego). Obviamente que esses procedimentos e essas técnicas inovadoras também se aplicam ao público jovem, mas devem conter a abrangência do todo, sem exclusão.

Enquanto o denominado bom aluno de antigamente estudava depois que o professor ensinava, na an- dragogia esse modelo dá espaço a uma nova concepção, espacial e temporal, de estudante fortemente induzido a preparar-se previamente para uma nova dinâmica de sala de aula (presencial ou virtual). O espaço de aprendizagem tipicamente delimitado pela escola espalha-se pelo não espaço que contempla o ambiente doméstico, incluindo o do trabalho e o caminho de um para outro.

Na abordagem inovadora, dos estudantes é exigido pre- paro anterior à ocorrência dos momentos presenciais (ou virtuais coletivos). Assim, faz-se necessário que material didático seja disponibilizado antecedendo as aulas e em formato atraente. O correto uso das tecnologias digitais, juntamente à ênfase na aprendizagem independente e no aprender a aprender, representam os grandes diferenciais positivos dos novos tempos.

Fazem parte do passado as formaturas que encerravam ciclos escolares com os alunos transformando-se, da noite para o dia, em profissionais preparados para o mundo do trabalho. A realidade atual evidencia que o profissional terá de realizar ciclos infindos de permanentes formaturas, em acordo com as necessidades de seus campos de atuação. Enfim, Copa é finita, tal qual alegria ou tristeza; Educa- ção, por sua vez, é contínua, prazerosa sempre e ao longo de toda a vida.

Ronaldo Mota é pesquisador do CNPq, reitor da universidade Estácio de Sá e professor titular aposentado da UFSM. Escreve quinzenalmente neste espaço, em rodízio com a psicanalista Diana Corso.


Fonte: Zero Hora