Liderar uma equipe de profissionais diversos, como professores, coordenadores, pedagogos, psicólogos, nutricionistas, operadores de cantina e funcionários de limpeza, não é uma tarefa simples. Neste domingo (12), é comemorado o Dia do Diretor de Escola, que tem um papel importantíssimo: o de fazer o estabelecimento funcionar com foco no bem-estar dos alunos.

Para dar dicas aos gestores de escolas, para que desenvolvam cada vez melhor suas atividades, o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (SINEPE/DF) trouxe a Brasília, na última semana, o psicólogo Rossandro Klinjey, com a palestra “Os novos papéis do líder educacional no mundo contemporâneo”. Famoso por seu canal no Youtube, o palestrante e escritor já foi professor e escreve sobre educação, cultura de paz e relações interpessoais, entre outro temas.

Leia, abaixo, a entrevista exclusiva com o especialista, feita pelo portal do sindicato.

É algo que vai além do cargo. Você pode ser um diretor, mas liderança é algo que se conquista. Trata-se de liderar outros líderes, que são os educadores, e é seu papel inspirar essas pessoas. É claro que vai ter cobranças e contrapartidas, mas é necessário desenvolver a união com esses trabalhadores, focando no projeto da escola. Afinal, você quer apenas conseguir matrículas ou de fato educar os jovens?

Tanto de forma positiva quanto negativa. Oferece uma ajuda enorme na aquisição e compartilhamento de conteúdo e também melhora as funções administrativas, possibilitando criar agendas e cronogramas para os professores, facilitando receber possíveis queixas ou sugestões dos alunos, e criando uma plataforma para que os pais acompanhem as atividades dos filhos. Mas também pode atrapalhar em algumas situações, como grupos de whatsapp com dezenas de pais e mães, que pode acabar alcançando proporções enormes e tomar muito tempo dos educadores e gestores. Ressalto que a tecnologia oferece recursos para incrementar as escolas, mas isso não substitui o bom conteúdo que os profissionais envolvidos na educação já devem ter.

Primeiramente, adaptação, resiliência. Vivemos em um mundo de mudanças rápidas, líquido, como coloca o sociólogo Zygmunt Bauman, e é nesse meio que a geração atual, dos alunos, cresceu. O que aprendemos no passado não deve ser jogado fora, mas adaptado às demandas atuais. Além disso, aceitar suas fragilidades – o que, na verdade, é algo que fortalece qualquer líder, fazendo-o perceber que não é obrigado a ter resposta para tudo. Repetir informações sempre que necessário. Cobrar, mas também reconhecer o trabalho do seu gerido, derrubando o mito de que líderes precisam ser pessoas ruins, e enriquecendo ambos. Você deve ser um maestro de talentos, não um apagador de luzes. E, por fim, ser uma pessoa com valores, pois liderança é comportamento, e isso será o grande diferencial.

Equilibrada. Você não deve deixar que os pais interfiram no funcionamento da escola ou no resultado dos alunos – por exemplo, há pais que querem a aprovação do filho ou a mudança de uma nota a qualquer custo, e não é por aí. Mas também é necessário estimular e manter a proximidade com as famílias das crianças e adolescentes, ampliando canais de comunicação e trazendo-os para participar das atividades. Principalmente no ensino médio, como os alunos são mais velhos, os pais tendem a participar menos da educação, por entender que eles conseguem se virar, mas é justamente nessa fase de maior estresse que eles precisam desse apoio. Quanto aos alunos, vale lembrar que como diretor, você não é “amiguinho”, e sim uma figura de responsabilidade. Apesar disso, não há necessidade de se distanciar dos estudantes. Pelo contrário. É importante entender o universo dos jovens para promover as melhores políticas dentro da instituição, que realmente dialoguem com eles, além de poder identificar casos de violência, bullying, entre outros, que só a convivência permite observar.

Pela história, podemos perceber que nenhuma sociedade de estado civilizatório significativo foi possível sem educação. E hoje não é diferente. Esse aspecto continua sendo essencial para a evolução humana, pois reflete em todos os aspectos sociais e promove o respeito à coletividade. E nem a tecnologia pode substituir isso, pois também depende da educação para progredir e ser uma ferramenta útil para nós. E isso está além da escola. Aliar a educação formal à família, que é a primeira escola de cada pessoa, é o melhor caminho.