Com auditório lotado, a Associação Nacional de Educação Católica (Anec) realizou o primeiro Dia Anec de 2018 na última quarta-feira (31) em Brasília. O tema escolhido foi a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (SINEPE/DF), Álvaro Domingues, compôs a mesa. Também integraram o debate o subsecretário Fábio Pereira de Sousa, da Secretaria de Educação do DF, e o conselheiro Joaquim José Soares Neto, do Conselho Nacional de Educação (CNE), com coordenação do doutor em educação pela Universidade de Brasília (UnB) Francisco Tiago Silva.
Joaquim José Soares Neto lembrou que a BNCC não está concluída, já que a reforma do ensino médio, de cujo texto é relator, ainda está pendente. Mas defendeu a tese de que tanto a proposta que já foi aprovada quanto a que falta têm como objetivo reduzir a desigualdade de oportunidades. “A base só faz sentido na perspectiva de resolver essa questão histórica do Brasil”, afirmou. O conselheiro disse também que a União deve atuar nos municípios de menor condição orçamentária para que a mudança “não fique apenas no discurso”.
Segundo Álvaro Domingues, que além do SINEPE/DF preside o Fórum dos Conselhos Estatuais de Educação, a maior parte das escolas particulares já contempla a BNCC em suas funções. “Do ponto de vista de exigências, muitas escolas até ultrapassam o que é pedido. O que ainda pode gerar discordâncias e debates é o ‘menu’ a ser oferecido”, comentou. Na opinião do presidente do sindicato, para se adequar à base e à educação do século 21, “dialógica e emancipadora”, as escolas devem formar (o que as instituições católicas já são acostumadas a fazer), e não apenas informar, “ensinar o aluno a organizar o pensamento e se expressar em todas as disciplinas, não apenas em português”, e utilizar a tecnologia a seu favor.
O subsecretário sinalizou que a BNCC busca oferecer garantias e “dar um norte” para as avaliações de qualidade na educação, mas preservando a diversidade. “Não queremos colocar todos em uma caixinha. O projeto político-pedagógico, que é a identidade de cada escola, deve ser mantido e valorizado”, defendeu.
O evento ainda contou com uma palestra de apresentação feita pela professora Camila Santos, que abordou a educação bilíngue, em consonância com os propósitos da BNCC, e seus benefícios cognitivos para o cérebro. “As duas línguas ficam ativas o tempo todo e há transferência de habilidades entre elas. Pessoas bilíngues ainda se destacam em funções executivas, como planejamento e organização”, comentou.
Solidariedade
Durante o Dia Anec, Álvaro Domingues ainda convidou os gestores e as escolas presentes a colaborar com a campanha do Movimento de Educação de Base, gerido pelo padre Gabrieli Cipriani. São arrecadados diversos tipos de material relacionados à escola, que muitas vezes descartam esses itens em reformas e revitalizações: carteiras, murais, quadros, giz, livros, cadernos etc. As doações podem ser agendadas diretamente com o SINEPE/DF pelo telefone 3245-3646.