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Gestores de escolas particulares de Brasília conhecem instituições de ensino e a cultura japonesa

Publicado em 10/05/2024 às 15:00:00

O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (SINEPE/DF) promoveu a 15ª Missão Técnica Educacional ao Japão com objetivos de enriquecer o repertório pedagógico e cultural e contribuir para a melhoria contínua do sistema educacional brasiliense. Entre os dias 11 e 26 de abril, um grupo de 17 gestores de escolas privadas da capital federal teve oportunidade de contato com a renomada educação japonesa e conhecer de perto a cultura local.

 

A Missão proporcionou intercâmbio rico e inspirador com visitas a escolas públicas e privadas, universidades e até ao Consulado do Brasil em Hamamatsu. Durante as visitas, os gestores observaram práticas pedagógicas japonesas em ação, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, e identificaram elementos que podem ser adaptados e implementados nas escolas do DF.

 

As diferenças culturais e pedagógicas da educação japonesa chamaram a atenção do grupo brasiliense. A disciplina é um dos pilares da educação. Os alunos são ensinados, desde os primeiros anos escolares, a seguir regras e a ser responsáveis por seus atos. Essa cultura de responsabilidade se estende para além da sala de aula. Todos participam na limpeza e na organização da escola - estudantes e professores. Há uma disciplina que ensina a eles, desde pequenos, a cuidar do seu ambiente, da sua casa, da alimentação,  de finanças e como deverão se comportar em sociedade e no local de trabalho.

 

A sociedade japonesa preza pela construção da corresponsabilidade entre todos - espírito de coletividade - pois foi assim que se ergueram do ocorrido em Hiroshima. A sociedade é educada para o bem comum. Assim, “Os alunos aprendem a respeitar a cultura e as tradições japonesas, a se ajudarem mutuamente e a cuidar do bem comum. Não existem cestos de lixo nas ruas. Cada um é responsável pelo seu lixo e por dar a destinação correta a ele quando chega a casa”, comentou Ana Elisa Dumont, presidente do SINEPE/DF. 

 

Além disso, o ensino japonês leva à aprendizagem prática. Os alunos têm diversas saídas de campo, culturais, e atividades que lhes possibilitam vivenciar o mercado de trabalho, em uma semana de imersão - trabalhos em comércios locais em que a escola está localizada. Há parceria entre prefeituras e comerciantes. Vale dizer que essa ação de experiência de trabalho acontece no final do Ensino Fundamental, quando os estudantes são submetidos a um exame e decidem se cursarão o Ensino Médio e o Ensino Superior ou partirão para o mercado de trabalho. No Japão, é obrigatória a frequência escolar somente até o final do Ensino Fundamental.

 

A cultura e a tradição japonesas são elementos importantes na educação do país. Os estudantes aprendem sobre a história e os costumes, o que contribui para perpetuação de costumes milenares, como a cerimônia do chá e tantos outros.

 

Apesar do bom desempenho acadêmico em exames como o Pisa, vale destacar que há desafios que enfrentam no sistema educacional - alta competitividade desde muito cedo, regras rígidas e um período extenso de dedicação ao estudo e ao treino para exames, como é o caso da avaliação para o ingresso no Ensino Médio. Os estudantes de 14 a 15 anos definem, com essa avaliação, a possibilidade de continuar buscando  espaço em um futuro promissor de estudos e novas possibilidades, como o Ensino Superior, ou se irão trabalhar com atividades operacionais, principalmente em fábricas. 

 

O grupo teve a oportunidade de conhecer uma escola que segue o currículo escolar brasileiro, algo inusitado. De acordo com Ana Elisa, a instituição funciona como um refúgio aos estudantes do Brasil que moram em terras japonesas. “A experiência da mistura de cultura e da busca dos imigrantes brasileiros para aprender a língua japonesa é um desafio, assim como se adequar a uma sociedade com cultura tradicional e fortes costumes bem diferentes dos do ocidente”, contou. 

 

Impacto na educação do DF

 

A experiência da Missão Técnica Educacional ao Japão tem impacto positivo na educação do Distrito Federal. Os gestores retornaram às suas escolas com novas ideias e práticas, "Mais do que conhecer outra cultura e um sistema educacional tão diferente, a missão técnica permite aos participantes uma avaliação do que fazem e o que pode ser aperfeiçoado. E para além dos conhecimentos da cultura e do sistema educacional, bem como da organização, o fato de passar vários dias "respirando" o ambiente educacional com outros gestores possibilita rica troca de experiências e de aprendizados. Grandes projetos e parcerias surgem dentro de missões como essa”, afirma Ana Elisa.

 

A Missão também foi uma oportunidade para os gestores conhecerem a cultura japonesa e seus costumes. Visitas a templos, contato com a culinária local proporcionaram experiências culturais ricas e autênticas, pois, para se entender o sistema educacional de um país, não basta  conhecer na prática e na teoria; é preciso entender e vivenciar no local, pois muitas práticas adotadas vêm de costumes, valores, prioridades  e tradições de um povo.

 

O intercâmbio com outros gestores também foi um ponto alto da Missão. Os participantes compartilharam  experiências, trocaram ideias e aprenderam uns com os outros. Para quem tem interesse em experiências de intercâmbio em universidades japonesas, existem programas do governo, das universidades e de associações japonesas localizadas no Brasil que permitem esse processo.