Na noite da última segunda-feira (24), o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe) do Distrito Federal promoveu duas palestras gratuitas para gestores de escolas da capital. O evento foi realizado no ParlaMundi da LBV (Asa Sul), em auditório lotado, e contou com contribuições do presidente da entidade, Álvaro Domingues – que também preside o Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação –, e da especialista em marketing Flavia da Veiga.
Álvaro abordou os impactos das políticas educacionais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) na educação básica. Deu panorama de todo o marco legal que possibilitou a construção da Base até as últimas audiências públicas, finalizadas neste mês, lembrando que não se trata de um processo repentino. Além disso, pontuou os principais desafios da implementação, com destaque para a formação de professores, que, em sua opinião, deveriam ter “residência escolar”, assim como os estudantes de medicina fazem nos hospitais, para aprender, na prática, a operar as mudanças que estão por vir.
Também destacou as matrizes de avaliação, baseadas em áreas do conhecimento, e não em disciplinas, como é hoje, que serão cobradas em provas como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Não penso que as avaliações vão mudar de forma abrupta, isso deve acontecer aos poucos, mas o fato é que vai acontecer, e as escolas precisam se preparar para esse formato, com mais articulação do pensamento e menos memorização de conteúdo”, afirmou. Ele ainda lembrou que é necessário que o Brasil esteja em harmonia com outros exames e sistemas educacionais do mundo.
Álvaro ressaltou a importância do ensino infantil, pois se trata de uma fase crucial da formação de conexões cerebrais e da criação de vínculo afetivo entre a escola e o aluno, para que ele se sinta motivado a aprender. Depois, defendeu os itinerários da BNCC para o ensino médio, que possibilitam a flexibilização dos currículos. “Isso permite estimular a diversidade de conteúdo para os alunos, oferecendo conhecimento de acordo com seus interesses, inclusive capacitando-os para o mercado de trabalho e proporcionando vivências profissionais”, explicou. Um dos itinerários vai em direção ao ensino técnico, para estudantes que optarem por esse caminho.
Sobre escolas que não possam ofertar muitas opções de itinerários por limites de infraestrutura, entre outros, o presidente do Sinepe/DF sugeriu regimes de convênio com outras instituições, que poderiam, a depender do caso, ser feitos online, com EAD, possibilitando até mesmo trocas com escolas de outros países. Ele lembrou, no entanto, que é necessário que cada gestor saiba que mudanças envolvem carga horária e custos e que é necessário elaborar planilhas detalhadas para avaliar a melhor forma de aplica-las. No entanto, para que tudo isso posa acontecer, o primeiro passo é se informar. “Leiam a BNCC, distribuam o documento entre as suas equipes, conversem e pensem juntos nesse futuro”, indicou.
Gestão de marcas na educação
Flavia da Veiga explicou aos gestores sobre a funcionalidade do marketing de causas, especialmente útil nesse momento de adaptação à BNCC, em que as escolas precisam investir na comunicação com os pais. Segundo a especialista, além da dificuldade de estacar-se para atrair e fidelizar os pais em meio a tantos anúncios e informações, é necessário lembrar que hoje a sociedade do “ter” se transformou na sociedade do “ser”, valorizando as experiências.
A metodologia defendida por Flavia é a dos 7Cs: conexão, causa, coragem, criatividade, consciência, coração e cura. Dessa forma, cria-se empatia (o que, inclusive, dialoga com as competências e habilidades da BNCC na prática) a partir da decisão de ousar e fazer diferente.
Ela ainda destacou que, nesse contexto, as escolas podem colocar-se no papel de contribuir para um mundo melhor. “É investir no papel da escola para a sociedade, deixando um legado e sendo um agente de transformação, o que é, de fato, o propósito da educação”, defendeu. Como ponto de partida, a especialista sugere conhecer profundamente professores, pais e alunos e, assim, entender suas necessidades. “Se a falta de comunicação entre pais e filhos é um problema, por exemplo, pergunte-se de que forma você pode contribuir para resolver isso”, instiga.
Os candidatos ao Senado Izalci Lucas (PSDB) e Amabile Pacios (PR) e candidato a deputado federal professor Israel Batista (PV), ligados à educação, marcaram presença no evento.